Reportagem - Billboard

NEW YORK (Billboard) - AJ McLean lembra bem da conversa. Kevin Richardson estava com dúvidas quanto a seu futuro nos Backstreet Boys, e uma noite, no camarim, após um show em 2005, ele disse a seus amigos na boy band megavendedora como ele se estava se sentindo.

"Tem algumas coisas que preciso fazer primeiro, por mim," McLean relembra o que Richardson disse.

O grupo vinha discutindo "quando iríamos começar a gravar de novo," McLean said. "Todo mundo estava pronto, mas esta foi a primeira vez em que Kevin deixou no ar que ele não estava.

"Os Boys precisaram de um tempo para digerir a notícia de Richardson. Em junho de 2006, ele fez a declaração oficial de que estava saindo para "ir atrás de outros interesses." Apesar de todos terem apoiado a decisão de Richardson, os Backstreet Boys remanescentes McLean, Nick Carter, Howie Dorough e Brian Littrell ainda estavam com um homem a menos. Mas, de acordo com McLean, substituir Richardson nunca foi, ao mesmo, uma opção. Eles recusaram uma oferta para protagonizar um reality show para encontrar um novo membro, e optaram contra a troca de nome do grupo para Backstreet. "Esta é uma banda nova, mas esta é uma marca, e é o Backstreet Boys," McLean disse.

Em vez disso, o grupo resolveu fazer um novo álbum como quarteto e o resultado é "Unbreakable" a ser lançado em 30 de outubro via Jive. It's a return to form of sorts for the band, com 13 canções com o inconfundível estilo dos BSB: as inconfundíveis harmonias, os números de dança e as baladas com o "coração na manga".

Mas como os Backstreet Boys, o primeiro, se não o melhor, de todos os grupos pop inteiramente masculinos a dominar a segunda metade dos anos 90 e 2000 se encaixam na relação de atuais artistas de sucesso nas paradas? O nicho que o grupo ajudou a tornar-se pioneiro é pequeno, se não inexistente. Será que eles podem continuar relevantes a uma geração nova de consumidores assim como a antigos fãs que podem ter mudado de gosto?

"Definitivamente há alguns desafios, justamente por causa de algumas pessoas que, especialmente nos EUA, podem olhar para a banda" como somente uma boy band, disse o atual empresário do grupo, Jeff Kwatinetz. "Mas acho que algumas das caracterizações (de boy band) estão erradas. Eles são cantores, performistas, compositores."

JOGO DE TRANSIÇÃO
Esta transição em particular começou para os Backstreet Boys com o álbum de 2005, "Never Gone," lançado cinco anos passados os seus dias de glória no pop que dominava as paradas de sucessos.

Naquele tempo, suas boy bands contemporâneas tinham desaparecido dos holofotes e seus segundos atos estavam se dando com resultados parecidos. Justin Timberlake alcançou grande sucesso fora do 'N Sync, mas o 98 Degrees se dissolveu quando o membro do grupo Nick Lachey vendeu seu álbum solo através de um reality show na MTV e se tornou pasto de tablóides pelo seu casamento com Jessica Simpson.

Os Backstreet Boys também se viram em difíceis mudanças de empresário, batalhas legais com a gravadora de longa data, Jive, e vários problemas pessoais, desde o vício de McLean nas drogas à queda na estréia de Carter.

Então o grupo seguiu um novo caminho para "Never Gone," indo para longe do pop descompromissado e entrando no mercado adulto contemporâneo com a ajuda de compositores e produtores como Max Martin, Mark Taylor, Billy Mann e John Shanks. O primeiro single, "Incomplete", chegou ao n. 13 no Billboard Hot 100, mas, apesar da venda de 291.000 cópias na primeira semana nos EUA, de acordo com a Nielsen SoundScan, "Never Gone" empacou. A vendagem, até agora, está em 748.000 unidades, a mais baixa na carreira da banda.

Carter sente que o som disjunto de "Never Gone" foi o resultado de trabalhar com colaboradores diferentes em praticamente cada faixa. "(O álbum) foi meio do tipo experimental, para voltar ao jogo" disse, acrescentando que muitas das canções "rolaram soltas."

Esta relativa falta de sucesso esteve em contraste absoluto com o caminho traçado pelos Backstreet Boys'.

Inicialmente empresariados por Lou Pearlman (que ajudou a fertilizar o 'N Sync, mas está agora envolvido com acusações de desvio de verba e de abuso sexual) e Johnny Wright, o grupo viu seu fenomenal sucesso além-mar pela primeira vez. Seu autoentitulado álbum de 1996 vendeu mais de 7,5 milhões de cópias internacionalmente, e o seguinte, de 1997, "Backstreet's Back", chegou a 10,2 milhões de unidades no mundo todo.

Em um tempo em que o rock e o hip-hop dominavam as paradas, os Backstreet Boys levaram mais tempo para estrear no mercado americano, mas o álbum autointitulado de 1997 finalmente emplacou nos States, chegando a no. 4 na Billboard 200, vendendo 10,1 milhão e dando espaço aos sucessos "Quit Playing Games (With My Heart)" e "Everybody (Backstreet's Back).

"Nos próximos anos, os Backstreet Boys eram imparáveis. "Millennium" (1999) atingiu o recorde de 1,1 milhão de cópias em sua primeira semana nos EUA (um recorde mais tarde quebrado pelo "No Strings Attached", do N'Sync, que vendeu 2,4 milhão). Atingiu o no. 1 em 25 países, levando à vendagem de 21,6 milhões no mundo todo, de acordo com a Jive.

O álbum do ano subseqüente, "Black & Blue", foi ainda melhor: 1,59 milhões em sua primeira semana, mas o rítimo frenético estava exigindo seu preço.

"Todos estavam no auge da paciência," disse McLean. "Era só trabalho, discussões e conflitos."

Esses problemas pareciam se multiplicar. Uma turnê pela América do Norte em 2001 teve que ser adiada enquanto McLean foi para reabilitação, e 2002 viu uma ruptura com o empresariado na The Firm, onde Kwatinetz é presidente executivo, assim como um processo contra a detentora da Jive, Zomba por quebra de contrato e quebra de patente. (O caso foi resolvido amigavelmente; McLean diz que a relação da banda com a empresa se tornou "imensamente melhor.")

Um hiato era inevitável. Os membros do grupo tomaram caminhos diversos; Richardson estrelou em "Chicago" na Broadway, enquanto McLean, Dorough e Littrell trabalharam em projetos solo. Carter permaneceu com a Jive para lançar seu álbum solo, "Now or Never", que atingiu o n. 17 na Billboard 200, mas vendeu apenas 238.000 cópias.

Entretanto, havia um tanto de especulação que o grupo tinha se separado inteiramente. McLean insiste que esse nunca foi o caso. "Nós meio que tiramos uma pequena folga", disse ele do tempo fora. "Nós precisávamos de um intervalo, sabe? -- nós estávamos em turnê por quase nove anos sem parar."

NA DOR DA SEPARAÇÃO
Os membros do Backstreet encontraram seu caminho de volta ao grupo em 2003, quando surpreenderam McLean no set de "The Oprah Winfrey Show", onde ele tinha ido para discutir sobre seu problema com drogas.

"Chorei como uma menininha," McLean disse.

E com o experimentalismo de de "Never Gone" posto para fora, o grupo voltou ao tipo de música pop que atraía uma enorme base de fãs para começar. Com o novo álbum, "nós provamos pelo quê estamos fazendo isso (pelos fãs) e estamos fazendo isso por nós e porque amamos muito isso," McLean disse.

Em janeiro, o grupo fez uma viagem para Nashville para compor com compositor/produtor Dan Muckala por seis semanas. "Queríamos ter um corpo produtivo consistente que fosse coeso," Carter disse sobre o tempo deles no estúdio. Enquanto estiveram lá, "muitas coisas legais, mágicas aconteceram."

Carter diz que o grupo selecionou pessoalmente os contribuidores para o álbum, o que inclui Rob Weiss, Shanks e Mann, que colaboraram com Muckala na canção "Unsuspecting Sunday Afternoon". JC Chasez, do 'N Sync, escreveu a faixa "Treat Me Right" com McLean, e o primeiro single, "Inconsolable", foi escrito e produzido por Emanuel Kiriakou e co-escrito por Lindy Robbins e Jess Cates.

"Inconsolable" é uma balada dramática, conduzida pelo piano, remanescente do sucesso passado "Shape of My Heart", enquanto "Helpless When She Smiles" é uma balada semelhante, com um coro do tamanho de um mamute. Por outro lado, "Panic" é uma música dançante, chacoalhante e elétrica e "Treat Me Right" tem uma levada de groove funk, com bater de palmas.

O produto final "é o Backstreet Boys grande, clássico, com, obviamente, um som um pouco mais maduro e letras mais maduras" disse McLean, acrescentando que a ausência de Richardson é dificilmente notável na mixagem de som, e que as partes de harmonia soam frescas como nunca. "Todo mundo tá cantando muito nesse novo trabalho. Todos têm vocais principais no álbum."

RESISTÊNCIA NO RÁDIO
A Jive está trabalhando muito para levar os Backstreet Boys a público novamente. O grupo começou uma turnê européia de suas semanas em 9 de outubro e estarão no Japão para lançar o álbum lá na semana de 23 de outubro. Nos States, performances estão agendadas para o "Today", "The Tonight Show With Jay Leno" e "Jimmy Kimmel Live".

A situação no rádio é menos certa.

"Eles enfrentam o mesmo desafio que qualquer das bandas que têm mais de dez anos, especialmente mais que qualquer banda puramente de pop. E isso quer dizer que eles lutam para parecer relevantes e obter o apoio das rádios para conseguir um hit," disse o analista Guy Zapoleon.

"Inconsolable" ficou apenas duas semanas no Hot 100, com a posição mais alta sendo o n. 86. Ouvintes de outros países têm sido mais receptivos; a faixa estreou no n. 15 no Japão e esteve entre as 20 melhores na Alemanha após somente duas semanas.

Uma turnê mundial será iniciada no primeiro trimestre de 2008 no Japão e Ásia e levará até 2009. McLean continua a trabalhar no seu álbum solo concomitantemente, um single que tem a esperança de finalizar até o final de fevereiro. Carter também está trabalhando no seu projeto solo, além de estar construindo a infraestrutura de seu novo selo fonográfico, a Kaotic Records.

Como um novo início sem Richardson, McLean e Carter ambos dizem que sua falta é sentida, e que a porta está aberta caso ele decisa retornar. Quanto a se ele realmente voltará, McLean se mantém esperançosol: "realmente acho que ele vai sentir falta. Eu realmente acho. Alguns dos meninos, você poderia perguntar, e eles lhe diriam totalmente o oposto. Quanto a mim, realmente acredito que ele possa voltar."

E, sem se importar se "Unbreakable" fizer o grupo retornar a um alto nível de visibilidde, o grupo está satisfeito com seu lugar no universo da música pop.

"Não temos mais esses lançamentos enormes, massivos.", disse Carter. "Algumas pessoas nos perguntam 'Vocês estão com outro álbum?' É até um lugar bom para os Backstreet Boys. De certa forma, estamos bem underground."

Fonte:http://news.yahoo.com/s/nm/20071013/music_nm/backstreet_dc_2
Créditos: bsbsquad.comTradução: Daniele Leal D'Amico
Posted By: Fê_Notável